sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Filmation


Eu sou fã da Filmation. Pronto, falei. Por quê? Calma aí, já explico. Além dos desenhos da época serem bem produzidos, como Tarzan, He-man, She-ha, Os Fantasmas, Flash Gordon, Star-Trek, Shazam, Super Mouse, até mesmo uma nova série do Tom & Jerry, entre outros, essa produtora usava muita reutilização nos desenhos para conseguir produzir com rapidez mais episódios. Eles chamavam isso, literalmente, de estoque. 

A animação era boa, mas o objetivo maior eram os roteiros, ou seja, o “negócio deles” eram contar histórias.

Para quem não sabe, a Filmation foi fundada em 1963, na Califórnia, e encerrou suas atividades em 1989. Para quem está lendo esse post e é da geração Y, já aviso que a Filmation foi uma grande concorrente da Hanna-Barbera. É, claro que Hanna-Barbera é Hanna-Barbera, ok, molecada? 
No ano passado, fiquei muito triste com a morte da produtor Lou Scheimer. Eu falo isso porque os desenhos da Filmation, até hoje, me trazem uma certa magia. Suas histórias e desenhos me remetem ao encanto que sentia quando eu era criança.

Um dos episódios do He-man que mais me marcou quando eu era pequeno foi aquele em que a Teela descobriu que era a filha adotiva do Mentor e a sua mãe biológica é a Feiticeira. Essa série de animação é muito criticada por ser um desenho animado cheio de lições de moral. Que, em certo modo, concordo. O He-man é moralista. Porém, o desenho trazia valores de amizade e família, que são importantes para a formação de uma pessoa. 

O roteirista de desenho animado deve ser responsável por aquilo que está escrevendo para uma criança. Sim, temos de ser responsáveis pela mensagem da animação que estamos fazendo. 

Para quem quiser assistir (ou rever) o episódio da Origem de Tila é só clicar neste link: A ORIGEM DE TILA.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Livro da semana


Nunca esqueci que, na minha primeira semana trabalhando com animação - olha, que isso foi há muito tempo, no início dos anos 90 -, me indicaram o livro “The illusion of life. Disney Animation”, do Frank Thomas e Ollie Johnston.  Vinte anos depois, me vi indicando esse livro para os alunos de um curso que ministrei sobre animação tradicional. 

Aliás, tenho de deixar registrado aqui que meu exemplar ganhei de um grande amigo, Cleiton Cafeu, da Cafeu Filmes, que tenho o prazer de trabalhar com ele até hoje.

Esse livro é um grande caldeirão de técnicas, dicas e conceitos para quem quer trabalhar com desenho animado.

Sobre os autores desse livro, cabe um post especial o qual vou escrever ao longo deste ano. Mas, quem for ansioso, pode buscar a história deles. É só só dar um google. Aliás, quem quiser, busque o documentário “Frank and Olive: their friendship changed the faced of animation”. Vale a pena.

Projetos pessoais: Flama




O Flama é um projeto que está no início. O roteiro ainda está bem imaturo, preciso evoluir mais. Porém, o conceito dos desenhos estão prontos, tanto que o começo do filme está todo esboçado. Mas, mesmo assim, gostaria de compartilhar com vocês. 

Primeiro, fiz o esboço no papel na maneira tradicional. Fiz na minha mesa de luz.










Depois, escanei três poses do desenho. As outras poses foram feitas digitalmente e a arte final também. O meu MAC é a minha mesa de luz.  Nesse trabalho pude testar a transição da tablet e da cintiq. 

A tablet eu desenhava olhando para o computador, hoje, com a cintiq  é como se eu tivesse  desenhando diretamente no papel. A diferença é que não tenho mais que escanear os papéis - desenho por desenho - o que me poupa um tempo incrível.
Neste projeto escolhi o Adobe Photoshop. Mas, sempre digo, não é o animador que escolhe o programa, mas sim o projeto.

                                                               


Há trabalhos que têm de ser em Toon Boom, outros em Photoshop, do mesmo modo que há personagens que ficam melhor em 3D e outros que para contar uma história precisam ser em 2D. O diretor de animação precisa ter a sensibilidade de saber qual é o traço para a história que ele quer contar.


Desenho com efeito de luz

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Stop motion e 2D digital unidos em Jerusalém



Parabéns para os garotos de Jerusalém, Udi Asoulin  e Uriah Naeh que fizeram o curta-metragem “Iluzia” para concluir o curso na Bezalel Academy of Art and Design .

Esse curta, com a mistura de técnicas stopmotion e 2D digital, mostra que o 3D não vai acabar com o 2D como muitos imaginavam na metade dos anos 90. Gostei muito desse traço, super refinado, e a direção de arte está maravilhosa. As cores têm equilíbrio.  O stop motion casou muito bem com o 2D digital.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O gigante




O curta-metragem “O Gigante”, co-produção entre Espanha, Brasil, Portugal e Reino Unido é um dos selecionados para concorrer o Goya, da Academia Espanhola de Artes e Ciências Cinematográficas. 

O curta-metragem tem cerca de dez minutos. O argumento é de Nélia Cruz, a partir de uma ideia de Júlio Vanzeler.  A história é de um gigante que transporta a filha no coração. É uma bela história sobre pais e filhos.

Conheci este curta, quando estava ainda na Espanha. Uma das produtoras, a Chelo Loureiro, foi professora de minha namorada. Em uma casa em Ferrol, na Galícia, tivemos uma papo muito produtivo sobre animação. Para quem não sabe, essa região da Espanha, é um terreno fértil de bons roteiristas e animadores.

É um filme sensível, com traços delicados e uma trilha sonora envolvente. As notas musicais tocam no coração. O gigante é o pai que tenta proteger essa criança desse mundo... que nem sempre é tão legal assim.

Veja o trailer: http://youtu.be/NI8xIgrpDOE




domingo, 26 de janeiro de 2014

Retrospectiva

Antes tarde do que nunca, o primeiro post desse ano será uma retrospectiva e com a promessa de escrever mais sobre animação no Blog da TRAÇO ANIMADO. 

O ano de 2013 foi de muito trabalho e várias produções de animação. No finalzinho de 2012, logo depois da 3ª temporada do “Gui e Estopa”, dos estúdios da Mariana Caltabiano Criações - uma das melhores equipes que trabalhei e onde esbanjava-se parceria. Um projeto de animação tem de ser feito por um time e dá para sentir isso nos resultados finais.

De lá fui para a equipe do longa “O menino e o mundo”, do talentoso Alê Abreu. Saí da animação lápis-e-papel para o Adobe Photoshop. Foi interessante voltar ao projeto que participei quando ainda era chamado “Cuca no Jardim”. A direção de arte é maravilhosa! Há muita gente que critica o uso do Adobe Photoshop na animação. “O Menino e o mundo” prova que é uma grande besteira. É só um software, o que importa é o trabalho final. Eu, particularmente, gosto mais do Photoshop pela quantidade e diversidade dos pincéis.

Na Cinema Animadores, tive o primeiro contato com o Toon Boom Studio com a produção do curta “Miss Dólar”, que é a adaptação de um conto do Machado de Assis.
Lembro que no início achei o Toon boom um programa burocrático. Mas depois com o tempo, mudei de ideia. Os traços dos vetores são excelentes. O programa traz maior rapidez na produção do projeto porque economiza tempo. O animador faz o primeiro e o último desenho do frame. O restante do movimento, o computador intercala sozinho.



No ano passado, tive a oportunidade de conhecer alguns estúdios de animação na Espanha. O que mais me marcou foi a Filmax, em Santiago de Compostela, que foi um dos que produziram o longa-metragem “El Cid”. Esse longa merece uma atenção especial, pois é o final da animação tradicional e o início da era de animação digital. Conheci a produtora de “O Gigante”, curta-metragem que está concorrendo o Goya (Oscar espanhol). Em breve, devo falar sobre esses projetos aqui. Em Madrid, foi um prazer conhecer a Vodka Capital, que produz o “Jelly Jamm” e tem como um dos seus proprietários um dos criadores do “Pocoyo”. Aquele estúdio tem um “clima de animação” e me senti bem recebido lá.

Ainda na Europa, iniciei a produção da “Cinéfila”, um curta que mescla animação e filme vivo para o Festival do Minuto. Além de um outro projeto pessoal que, se tudo der certo, no final desse ano ainda comentarei aqui para vocês.

De volta ao Brasil, fui para os estúdios Akulamotion na produção da série de animação da “Turma da Mônica”. Outra vez, me senti num revival. Lembrei da época do “Cinegibi”... Só que dessa vez animamos os personagens em flash. Apesar do flash ser um programa feito para web, ele tem as ferramentas para fazer animação de qualidade. Mas, realmente, o Toon boom tem mais ferramentas para produzir uma série ou longa de animação. Tanto que muitos estão migrando para este programa.




Logo depois, fui para a 44 Toons onde participei do projeto “Osmar, a primeira fatia de pão”, exibida no Canal Gloob, que é feita no Toon Boom Harmony. Aqui o Harmony feito para trabalhar online, ou seja, na nuvem, diferente Toon Boom Studio.