domingo, 28 de julho de 2013

Um minuto em muitas horas de trabalho

Para quem quiser se inspirar para fazer um curta de animação, conto como foi o passo-a-passo do "Cinéfila, a lata" que produzimos para o Festival do Minuto, Animalata.




Estava de férias em Paris com a minha namorada Tatiane Matheus, quando recebemos uma mensagem da querida Lina Garrido sobre o Animalata. Ficamos empolgados. Já na Espanha, no meio de um brain storm, chegamos à conclusão de que íamos fazer algo sobre a magia do cinema. A Tati escreveu o roteiro. A história era uma latinha cansada de sua vida e, quando vê a luz de que saia de uma tela com imagens, transforma-se em animação a partir de filmes que foram ícones da sétima arte. A ideia dela era mostrar que tudo é possível até mesmo para uma simples latinha. Esse curta-metragem fala sobre o poder da transformação.



Para escrevê-lo, ela fez uma pesquisa. Sempre pensando que somente teríamos um minuto. Elegeu os principais filmes e depois cortou as opções pela metade. Ela ficou com Chaplin; Rocky, um lutador; Guerra nas Estrelas, Matrix e Titanic. Estudou as cenas desses filmes e elegeu algumas. Tatiane queria usar, como se fossem palavras dessa latinha-cinéfila, diálogos ocorridos nesses filmes como fonte de inspiração para a reciclagem da personagem. Depois do texto pronto, ela o revisou mais três vezes, sempre lendo em voz alta e cronometrando para saber se o tempo estava correto.

A criação do layout eu fiz ainda na Espanha. A partir das indicações da Tatiane, dei uma pesquisada e desenhei como seria cada latinha. Quando cheguei no Brasil, fiz o storyboard para sentir o filme. Percebi que era necessário acrescentar mais algumas cenas para dar uma melhor continuidade na história.










Depois disso, comecei a preparar as artes do layouts, ou seja, finalizá-la. Tive que estudar as cores dos filmes. Porque eles são de épocas distintas e o granulado é diferente. Nos anos 70, o Rocky, um lutador, tinha a cor mais fria bem diferente de Guerra nas Estrelas que tem uma cor mais quente. Isso tem a ver com direção de fotografia desses filmes. 


Já o Chaplin tem o tom de sépia dos filmes antigos. 




 Por sua vez, Matrix não é todo esverdeado, apesar de em muitos momentos ter essa cor. Ele é uma tecnologia nova para os anos 90. Além disso, ele tem um granulado cinza quase branco alegre que deixa o filme mais vivo - deixando-o mais impactante na tela. Já  cena antológica do blockbuster Titanic tem aquele pôr-do-sol de fim de tarde e me inspirei nessas cores. Mas tive de ficar atento, pois é um degradê de cores quentes.




Enviamos o roteiro da Tatiane e meus layouts junto com o storyboard para a Lina, que fez a narração. Primeiro, ela estudou o personagem. Em uma reunião, nós três conversamos sobre o curta e o que queríamos dele.Ela deu várias sugestões. Entre elas, a latinha poderia ter uma voz mais infantil. Mas, no final, todos chegamos à conclusão que seria melhor uma voz mais adulta para mostrar as mudanças na vida da Cinéfila. Apesar dela ter uma voz de tom agudo, pois é uma latinha e usamos a estética de cartoon. Fábio Rodrigues, marido da Lina, estava junto o tempo todo enquanto a Tatiane estava com a gente por Skype. Ele deu a ideia de voltarmos o vídeo-real e mostrar a latinha sendo reciclada. Além de escrever essa cena final. A Tati concordou e perguntou a nossa opinião que também estávamos de acordo. Ele escreveu a última cena, a do espaço, dando o segundo tratamento do roteiro. Gravamos! E ainda durante a semana, o Fábio passou os áudios para mim por e-mail.





O storyboard e a narração foram os meus guias para fazer a animação. Para dar a vida aos personagens, fui desenhando frame-a-frame.


Depois de todas as imagens prontas é feito um trabalho de edição. Pegar todas as cenas e montá-las de acordo com o storyboard do curta. Juntamente com a narração. Eu fiz as animações no Adobe Photoshop e fiz a montagem no Adobe Premiere. Neste filme decidi não usar o After Effects porque não foi preciso usar animação de efeito. Dei uma estudada e vi que foi possível resolver com os filtros do photoshop, inclusive, a espada do Lucky Skywaker.





Fiz a primeira montagem com meu grande amigo Kadijo, Ricardo Faller, percebemos que o áudio estava passando de um minuto. Montamos e já marquei com a Lina para gravar outra vez. Ainda não seria possível nesse dia, como queríamos.


Na correria, só teríamos o feriado para gravar. Marquei à noite com a Lina. Ela estava de plantão e exausta. Decidimos editar juntos a narração já gravada. Pode não parecer, mas até para ser uma latinha em um minuto, o ator tem de se concentrar e entrar no personagem. Os atores-dubladores são importantes no processo da animação. Demoramos cerca de quatro horas para editar e deixar a narração como queríamos. Editar dá mais trabalho que gravar. Para vocês terem ideia, gravamos a narração em duas horas.


Dois dias depois, à noite, após sairmos do trabalho, Kadijo e eu editamos Cinéfila. Terminamos o trabalho somente à meia-noite. Mandei o filme para a Tati. Assim que recebeu, Tatiane registrou o curta no site. Houve uns minutos de estresse, pois o vídeo havia travado!


Qualquer um pode fazer uma animação! Mas tem de ter força de vontade e disciplina. Ninguém consegue fazer sozinho! Tem de saber trabalhar em equipe e ter humildade em respeitar o trabalho do outro. Mas, que tudo: saber escutar. Todos são importantes para a engrenagem funcionar. E não é porque trabalhei com a minha namorada e amigos que falo isso. Mesmo que seja com desconhecidos, é preciso respeitar o profissional que está ao seu lado. Quando clima de trabalho é hostil, ele fica marcado no projeto. Ninguém sabe explicar, mas dá para perceber que algo que não funcionou... Fizemos Cinéfila nas nossas horas vagas: nos feriados, finais de semana e pela noite após o trabalho. Demoramos dois meses para finalizar esse curta. Eu fiz a direção, mas não dirigi sozinho. Tive vários pares de olhos comigo que me ajudaram na concretização desse projeto.


Espero que vocês gostem da Cinéfila, a lata!


http://www.festivaldominuto.com.br/videos/32138?locale=pt-BR









sábado, 27 de julho de 2013

A turma do curso no Centro Europeu, em Santos foi muito boa! Dá ânimo ver tanto interesse. Santos tem potencial para desenvolver projetos de animação na cidade. Pois, o pessoal busca formação, tem talento e curiosidade.




Cinéfila, a lata

 Quem nunca imaginou sendo personagem  de  um filme... Pois, Cinéfila, a lata, sim... Tanto que ela se reciclou através de seus filmes favoritos. Esse é o roteiro do curta que acabamos de produzir e estamos concorrendo no Animalata, do Festival do Minuto... É só um minutinho... Em breve vou publicar o making-off desse curta e quem sabe o pessoal se inspire para seguir produzindo!!! Espero que vocês gostem!

http://www.festivaldominuto.com.br/videos/32138?locale=pt-BR






segunda-feira, 22 de julho de 2013

Workshop de animação em Santos

Tive a honra de receber o convite do André Azenha, do Centro Europeu de Santos, para uma workshop sobre animação. Fiquei feliz com o convite porque vou falar desses 23 anos (comecei aos 17!) que trabalho com animação para o pessoal que está chegando ao mercado... Enfim, para essa nova geração! A ideia é começar falando sobre a animação tradicional até a virada que houve com a animação digital. Também mostrarei alguns exemplos práticos para os alunos... O workshop será nessa sexta-feira, dia 26, às 19h30. A sede da escola fica na Rua Timbiras, 7, no Gonzaga, em Santos.  13 3301 1001.

sábado, 6 de julho de 2013

MisteriosaMENTE sem segredos

Foi gratificante trabalhar com o neurocirurgião Fernando Campos Gomes Pinto em seu livro “MisteriosaMENTE sem segredos”. Em um dia, milhares de informações invadem os pensamentos e servem como guia de ações, decisões e atitudes.   Esse livro busca ajudar as pessoas a manterem a mente aguçada. Logo eu que não consigo parar de desenhar, quando não estou trabalhando, estou desenhando por simples prazer. Ou até desenhando mentalmente... 

Foi um desafio mostrar através de desenhos o que ele explicava sobre  as necessidades e emoções da nossa mente.
O processo de criação era ler os capítulos e buscar a essência das palavras para traduzi-las em ilustrações.

O lançamento foi na semana passada, dia 25 de junho! Parabéns, dr. Fernando. Deixo para vocês as minhas ilustrações do livro.

 Foi gratificante trabalhar com o neurocirurgião Fernando Campos Gomes Pinto em seu livro “MisteriosaMENTE sem segredos”. Em um dia, milhares de informações invadem os pensamentos e servem como guia de ações, decisões e atitudes.   Esse livro busca ajudar as pessoas a manterem a mente aguçada. Logo eu que não consigo parar de desenhar, quando não estou trabalhando, estou desenhando por simples prazer. Ou até desenhando mentalmente... 

Foi um desafio mostrar através de desenhos o que ele explicava sobre  as necessidades e emoções da nossa mente.
O processo de criação era ler os capítulos e buscar a essência das palavras para traduzi-las em ilustrações.



O lançamento foi na semana passada, dia 25 de junho! Parabéns, dr. Fernando. Deixo para vocês as minhas ilustrações do livro.